Diario de tiagolubiana

Esses dias resolvi testar a Nikon S32 que arrematei num brechó e fui dar um tchibum de snorkel na Praia Vermelha, do lado do Pão de Açúcar. A vista é estonteante, o calor é estonteante e o frio da água é estonteante, uma combinação joia para um naturalismo digital.

Era uma bela câmera por fora.

Não é o melhor lugar do mundo para snorkelistas que buscam tranquilidade, a muvuca festiva na areia é intensa. Acaba sendo uma praia mais segura no Rio também, pela presença forte dos militares de todos os lados. Frequentemente a água é considerada banhável, e há sempre pessoas pescando, mas mergulhar lá é encontrar bastante lixo na água, e uma camadinha de sujeiras desconhecidas na superfície. Não beba água e tome um banho logo depois! Uns dias depois tive uma nem tão leve diarreia, que não sei se foi por causa do mergulho, mas também não descarto...

Pois bem, a camerazinha Nikon S32, linda, azul, era em teoria a prova d'água até 10 metros, mas só aguentou bem nas fotos de superfície. Depois que mergulhei um pouco mais fundo, entrou água em tudo e estragou a câmera de vez. Fuen.

Ainda assim, deu para pegar uns peixinhos bonitos. Impressionante os cardumes que se formam, completamente invisíveis da superfície. Sou ainda um pouco ignorante nos peixes, identifiquei no olho só o sargentinho (Abudefduf saxatilis) e os baiacus (Sphoeroides). A água turva e a câmera simples não facilitaram, mas os iNaturalistas arriscaram algumas outras identificações.

O sargentinho, baixa resolução, mas bonitinho.

Já na parte mais bentônica, encontrei dois tipos de anêmona, que me parecem ser a anêmona-do-sargaço (Anemonia sargassensis) e anêmona-caiçara (Bunodosoma caissarum), as duas puxando pro avermelhado. Alguns ouriços-do-mar de pontas brancas (Arbacia lixula, creio) tornavam a aventura mais perigosa, mas também mais bela. Por fim algas do gênero Codium e alfaces do mar (Ulva lattuca) forravam o chão, fotossintetizando alimento para a cadeia alimentar.

Algumas anêmonas, ariscas, se escondiam velozmente.

O ouriço-do-mar, quieto e seguro com seus espinhos.

Nesse momento a câmera desistiu de resistir à água e findaram-se meus registros. Continuei mergulhando e vi mais peixes de vários tipos, caranguejos e vestígios humanos, incluindo uma moeda de 50 centavos e um colar de contas de miçangas das melhores. Saí mais feliz pela experiência do que triste pela câmera! Para mim, valeu muito a pena, recomendo aos snorkelistas com coragem de encarar as águas. Se o mar fosse limpo (e límpido), seria uma perfeição!